Celestino Alves: Vês-te a fazer rádio na Antena 3 daqui a 5 anos?
Ana Lamy: Talvez a resposta possa ser dada de forma inversa, ou seja, será que a Antena 3 me vê a fazer rádio aos seus microfones daqui a 5 anos? É claro que os meus objectivos em rádio estão sempre a mudar, a evoluir. Odeio rotinas, mas se estiver a fazer aquilo que gosto, aquilo que os ouvintes me dizem que gostam, sim, poderei estar na Antena3, sem querer adiantar um prazo limite… Viver intensamente um dia de rádio após o outro…
Ana Lamy: A rádio preenche-te na totalidade, ou é por vezes uma paixão algo ingrata?
Celestino Alves: A rádio é uma paixão maior, nunca ingrata. Nunca achei que a rádio se esgotasse no momento em que comunicamos ao microfone. Antes e depois há todo um espectro que gosto e preciso de explorar para melhor desempenhar a minha tarefa; comunicar.
O acto de comunicar requer ferramentas que não se encontram no espaço confinado dos estúdios e dos gabinetes das rádios. Há as pessoas, as suas vidas, os seus hábitos – de consumo, de lazer, etc – que temos de conhecer de perto para os podermos interpretar e isso só é possível intervindo noutras áreas que nos permitam conhecer o maior número possível de cores disponíveis na paleta. Talvez por isso sempre tenha diversificado a minha actividade na televisão, na publicidade, na internet e agora também na edição discográfica.
Celestino Alves: Como achas que será a rádio daqui a 5 anos?
Ana Lamy: Pois… tanto se especula, se debate, se vaticina, que eu prefiro acreditar, com toda a paixão que tenho pela telefonia, que daqui a 5-10-20 anos a rádio terá a importância que sempre teve para milhares de ouvintes e profissionais. Com mais ou menos hi-tech, as ondas do éter vão prevalecer, com ainda mais empenho, criatividade e, acima de tudo, espontaneidade!! Porque estamos sempre a falar para pessoas e não para robots. Pessoas que sentem e nos sentem, escutam, ouvem e exigem…
Ana Lamy: Com uma já considerável carreira radiofónica, o que é que ainda não fizeste e gostavas de fazer em rádio? Ah...e a pergunta praxe que pode ser uma adenda: música favorita?
Celestino Alves: Há tanta coisa que ainda não fiz e que não só gostava de fazer como acho que terão de ser feitas a curto prazo. A rádio tem uma enorme margem de progressão pela frente, os sinais estão aí só temos de os saber decifrar, e depois há a internet que veio abrir um mundo de possibilidades e potencialidades que urge desenvolver. A música favorita é Heroes de David Bowie.
Para “Mais Telefonia” é uma honra ter esta conversa de dois grandes animadores da rádio. Um grande muito obrigado por esta “Troca de Galhardetes”.